Líder de
uma rebelião mossoroense à época do Brasil Império, Ana Rodrigues Braga,
conhecida como Ana Floriano devido o seu casamento com Floriano da Rocha
Nogueira, nasceu em lugar incerto, provavelmente nos anos 30 do século XIX.
Faleceu em Mossoró , entre os anos de 1876 e 1881
Em 1875,
ainda com cicatrizes recentes causadas pela Guerra do Paraguai, a família brasileira
recebe um novo golpe. O Império, através do Decreto de nº 5.881, de 27 de
fevereiro daquele ano, regulamenta o recrutamento e o sorteio para o serviço
nas Forças Armadas. A ordem do governo para executar de imediato esse decreto
gerou vários motins pelo país. Na Província do Rio Grande do Norte sabe-se da
explosão de movimentos em Goianinha,Canguaretama, Arez e Mossoró.
Em
Mossoró, o motim teve uma peculiaridade: foi feito por mulheres, tidas como “as
300 subversivas”, sob o comando e a liderança de Ana Floriano. O esquadrão
feminino avançou contra a Junta instalada na igreja paroquial, enfrentou o
arbítrio e soldados em armas, para proteger seus maridos, filhos e parentes. O
historiador Vingt-un Rosado registrou o depoimento de um cidadão da época,
Romão Filgueira, no qual se destaca a bravura de Ana Floriano
e suas
comandadas. Diz a testemunha ocular da história: “Ana Floriano, tipo de mulher
forte, olhos azuis, cabelos louros, estatura além do comum para o seu sexo,
encabeçava o movimento. No dia marcado, estavam umas trezentas mulheres
reunidas em Mossoró, porque as próprias Evas dos arrabaldes haviam aderido ao
motim
O cortejo
rebelde partiu da atual rua João Urbano indo até à hoje praça Vigário Antônio
Joaquim. Aí foram rasgados os edita
is pregados
nas portas da igreja e despedaçados vários livros. Da praça Antônio Joaquim,
dirigiram -se as amotinadas à praça da Liberdade, passando pela rua 30 de
Setembro. Naquele logradouro público,
achava-se disposto um corpo de polícia, ali posto com o fim de dominar a
sedição. Aos gritos de Avança!, logo ficaram confundidos, no tumulto da luta,
soldados e mulheres. Como era natural, foram várias feridas, tendo a
interferência de pessoas gradas da localidade evitado mais funestas
conseqüências.”
A valentia
da Ana Floriano ficou registrada noutro episódio. Quando o jornal “O
Mossoroense”, ligado à causa abolicionista e à maçonaria, foi invadido, Ana
armou-se com um espeto de ferro para enfrentar os invasores e defender os
jornalistas, entre os quais estava o seu filho Jeremias Nogueira, fundador da
imprensa de Mossoró
Mossoró é
o berço de Ana Floriano .
Ela uma
mulher forte, esposa de Floriano da Rocha Nogueira, pais
do
jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, diretor proprietário d
o jornal
“O Mossoroense”, que ao lado de Dona Maria Filgueira, esposa do Cap. Antônio
Secundes Filgueira e de Dona Joaquina Maria de Góis, genitora do
historiador
Francisco Fausto de Souza, comandaram o movimento que ficou conhecido como
Motim das Mulheres . Recorro ao historiador Geraldo Maia para relatar este
episódio.
Em 30 de
agosto de 1875, cerca de trezentas mulheres saíram pelas ruas em passeata, com
o objetivo de protestar contra a obrigatoriedade do alistamento militar. Tudo
começou quando o Gabinete do Visconde do
Rio
Branco aprovou o regulamento do recrutamento para o Exército e Armada. Várias
comunidades se levantaram em sinal de protesto. Ninguém desejava que seus
filhos fossem apanhados para o serviço militar.
Desse
modo, as mulheres mossoroenses promoveram uma manifestação e conseqüente
passeata pelas ruas da cidade, rasgando os editais afixados na Igreja Matriz de
Santa Luzia e dirigindo -se à casa do escrivão do Juiz de Paz, de quem tomaram
e rasgaram o livro e papéis relativos ao alistamento.
Partiram
depois para a redação do jornal “O Mossoroense”, onde destruíram cópias dos
mesmos que ali estavam para serem publicados. Concluída a tarefa da destruição
dos editais, as revoltosas partiram para a Praça da Liberdade, onde entraram em
choque corporal com um grupo de soldados da Força Pública, utilizando
utensílios domésticos. Algumas saíram feridas. As mulheres de Mossoró mostraram
sua resistência aos atos arbitrários