terça-feira, 27 de junho de 2017

MOTIM DAS MULHERES




Líder de uma rebelião mossoroense à época do Brasil Império, Ana Rodrigues Braga, conhecida como Ana Floriano devido o seu casamento com Floriano da Rocha Nogueira, nasceu em lugar incerto, provavelmente nos anos 30 do século XIX. Faleceu em Mossoró , entre os anos de 1876 e 1881

Em 1875, ainda com cicatrizes recentes causadas pela Guerra do Paraguai, a família brasileira recebe um novo golpe. O Império, através do Decreto de nº 5.881, de 27 de fevereiro daquele ano, regulamenta o recrutamento e o sorteio para o serviço nas Forças Armadas. A ordem do governo para executar de imediato esse decreto gerou vários motins pelo país. Na Província do Rio Grande do Norte sabe-se da explosão de movimentos em Goianinha,Canguaretama, Arez e Mossoró.

Em Mossoró, o motim teve uma peculiaridade: foi feito por mulheres, tidas como “as 300 subversivas”, sob o comando e a liderança de Ana Floriano. O esquadrão feminino avançou contra a Junta instalada na igreja paroquial, enfrentou o arbítrio e soldados em armas, para proteger seus maridos, filhos e parentes. O historiador Vingt-un Rosado registrou o depoimento de um cidadão da época, Romão Filgueira, no qual se destaca a bravura de Ana Floriano
e suas comandadas. Diz a testemunha ocular da história: “Ana Floriano, tipo de mulher forte, olhos azuis, cabelos louros, estatura além do comum para o seu sexo, encabeçava o movimento. No dia marcado, estavam umas trezentas mulheres reunidas em Mossoró, porque as próprias Evas dos arrabaldes haviam aderido ao motim

O cortejo rebelde partiu da atual rua João Urbano indo até à hoje praça Vigário Antônio Joaquim. Aí foram rasgados os edita
is pregados nas portas da igreja e despedaçados vários livros. Da praça Antônio Joaquim, dirigiram -se as amotinadas à praça da Liberdade, passando pela rua 30 de Setembro. Naquele  logradouro público, achava-se disposto um corpo de polícia, ali posto com o fim de dominar a sedição. Aos gritos de Avança!, logo ficaram confundidos, no tumulto da luta, soldados e mulheres. Como era natural, foram várias feridas, tendo a interferência de pessoas gradas da localidade evitado mais funestas conseqüências.”


A valentia da Ana Floriano ficou registrada noutro episódio. Quando o jornal “O Mossoroense”, ligado à causa abolicionista e à maçonaria, foi invadido, Ana armou-se com um espeto de ferro para enfrentar os invasores e defender os jornalistas, entre os quais estava o seu filho Jeremias Nogueira, fundador da imprensa de Mossoró

Mossoró é o berço de Ana Floriano .
Ela uma mulher forte, esposa de Floriano da Rocha Nogueira, pais
do jornalista Jeremias da Rocha Nogueira, diretor proprietário d
o jornal “O Mossoroense”, que ao lado de Dona Maria Filgueira, esposa do Cap. Antônio Secundes Filgueira e de Dona Joaquina Maria de Góis, genitora do
historiador Francisco Fausto de Souza, comandaram o movimento que ficou conhecido como Motim das Mulheres . Recorro ao historiador Geraldo Maia para relatar este episódio.
Em 30 de agosto de 1875, cerca de trezentas mulheres saíram pelas ruas em passeata, com o objetivo de protestar contra a obrigatoriedade do alistamento militar. Tudo começou quando o Gabinete do Visconde do
Rio Branco aprovou o regulamento do recrutamento para o Exército e Armada. Várias comunidades se levantaram em sinal de protesto. Ninguém desejava que seus filhos fossem apanhados para o serviço militar.
Desse modo, as mulheres mossoroenses promoveram uma manifestação e conseqüente passeata pelas ruas da cidade, rasgando os editais afixados na Igreja Matriz de Santa Luzia e dirigindo -se à casa do escrivão do Juiz de Paz, de quem tomaram e rasgaram o livro e papéis relativos ao alistamento.
Partiram depois para a redação do jornal “O Mossoroense”, onde destruíram cópias dos mesmos que ali estavam para serem publicados. Concluída a tarefa da destruição dos editais, as revoltosas partiram para a Praça da Liberdade, onde entraram em choque corporal com um grupo de soldados da Força Pública, utilizando utensílios domésticos. Algumas saíram feridas. As mulheres de Mossoró mostraram sua resistência aos atos arbitrários

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