POR CID AUGUSTO
O Motim das
Mulheres, ocorrido aos 30 de agosto de 1875, é um dos mais conhecidos episódios
da História de Mossoró. Certas autoridades costumam associá-lo à Guerra do
Paraguai, embora este que até hoje é considerado o maior conflito da América do
Sul, envolvendo o Paraguai e a aliança formada por Brasil, Uruguai e Argentina,
tenha acabado em 1870.
O
episódio mossoroense tem a ver com o alistamento militar, mais especificamente
com o decreto nº 5851, de 27 de fevereiro de 1875, aprovado no governo Rio
Branco e regulamentado pelo Duque de Caxias, contento as normas de recrutamento
para o Exército e a Armada.
A medida,
diga-se de passagem, gerou revolta em outras cidades brasileiras. O caso de
Mossoró ficou famoso pelo fato de haver sido protagonizado por mulheres, cerca
de trezentas, conforme registram Romão Filgueira, Francisco Fausto e Câmara
Cascudo, lideradas por Anna Rodrigues Braga, a Anna Floriano
Um ofício
da Câmara Municipal à Presidência da Província confirma esse número, que só
encontra contestação nas palavras do então juiz da comarca, José Antônio
Rodrigues, quando se refere ao episódio como a “farsa mais ridícula e ao mesmo
tempo criminosa de um grupo de 50 a 100 mulheres mal-aconselhadas por seus
maridos”
Cinqüenta,
cem, trezentas, o número não altera ofato de que, desafiando os poderes
constituídos e o machismo, dezenas de cidadãs tomaram do escrivão de juiz de
paz e rasgaram em praça pública os papéis com a relação daqueles que deveriam
se alistar, o mesmo sendo feito com as cópias afixadas na porta da igreja e com
as que foram entregues para publicação no jornal O Mossoroense, pertencente a
Jeremias da Rocha Nogueira, filho de Anna Floriano.
Em
correspondência curta, Jeremias da Rocha, que chegou a ser apontado como
inspirador do levante, comunicou à Junta Paroquial a impossibilidade de
continuar publicando a relação dos sorteados
“Comunico
a V. Sas. que deixo de continuar a publicar no meu periódico a lista de sorteio
desta
paróquia,
como me havia comprometido, em conseqüência de haverem sido os respectivos
autógrafos que se achavam em meu poder, inutilizados por um grupo de senhoras,
que ontem pelas nove horas do dia invadiram a minha tipografia”
De acordo
com Romão Filgueira, Anna Floriano era forte, tinha olhos azuis, cabelos loiros
e estatura maior do que o normal das mulheres de sua época. Não nasceu Camboa
(apelido da família precursora do povoamento de Mossoró), mas assim se fez pelo
matrimônio com Floriano da Rocha Nogueira. Os historiadores da terra nunca
conseguiram determinar com exatidão suas origens. Lauro da Escóssia levanta a possibilidade
de ela haver nascido em Portugal
Anna
Floriano, ainda de acordo com Lauro, estava sempre demonstrando austeridade e valentia.
É famoso, antes do Motim das Mulheres, o episódio em que a mãe de Jeremias seria
se armado com um espeto de ferro para impedir que invadissem O Mossoroense,
história esta que
contarei
em outra oportunidade.
FONTE
FUNDAÇÃO ROSADO
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